Porque nossos jovens estão morrendo tão cedo?

Por que nossosjovens morremtão cedo?
Miguel Joaquim das Neves*


Quando se vê nos jornaisnotícias de crimesresultantes em mortes podese observar que na maioriadas vezes conta-se umatragédia envolvendo jovensque não têm nem vinte anosde idade. A maioria dasvítimas estão entre osquinze aos vinte e dois anos,e nem é preciso estarseguindo uma estatísticaatravés de pesquisas. Aimprensa não passa quinzedias sem divulgar a morte deum adolescente, seja eleenvolvido com drogas ouvítima da violênciadesenfreada que assola oBrasil.A generalização violenta decrimes se expandiu em todasas regiões podendo se dizerdo mundo, não poupandoninguém,seja pacifista outrabalhador, crente oudescrente. Mas seria tudoisso um reflexo do novocotidiano em que o serhumano esta inserido, novascorridas em buscas de statusfinanceiro? Pais buscando omelhor e preocupados como futuro dos filhos passammais tempo fora, sem tempopara se dedicar à família eeles na maioria das vezescrescem sem futuronenhum. A maioria dessesjovens constrói seuspróprios alicerces baseadosmuitas vezes em fantasias erotulações de estranhos queos acabam levando a criarsuas próprias leis econsequentemente aspróprias desgraças.Muitas vezes vemos os paisbuscar os filhos nas portasdas cadeias. Sorte quandovão buscá-los vivos. Muitosnão tem essa sorte. Ouvimosas mesmas frases: "Filho!nós sempre lhe demos detudo!”Moro em um bairro e aresidência fica próximo àcapela mortuária. Não éraridade escutar os chorosde quem perde um entequerido e prestando atençãona sequência de pessoas quevem parar neste lugar porquestão de óbito, observoque nas maiorias da vezes,são garotos cuja idade nãopassa dos vinte anos.Não dá para contar relatosdas vítimas, porque seriapreciso muitas páginas edaria um livro de tantos etantos adolescentes que nãochegam a ter a oportunidadede construir um futuro paraeles e constituir umafamília. O futuro deles éagora. A maioria não tevetempo de sonhar. Sãoaniquilados entre eles porquestões às vezes banais,fúteis demais para relatar,ou pela própria cultura queestá se espalhando pelomundo: a cultura daviolência do poder, do sevira como pode, dasescolhas forçadas, dos queapelam para o lado do malporque nunca viram o ladodo bem, dos que vendem aalma ao diabo pensando quevão ficar ricos ousimplesmente dos tais quese julgam sangue ruim e seacham no direito de criarsuas próprias leis. Mas e ogoverno, o Estado, estáarticulando algumaatividade em favor de secriar uma nova perspectivapara que as mães nãovenham a chorar pelosfilhos mortos ou articulamais viaturas e cadeias paraos que venham a praticartais crimes?Infelizmente são poucos osprogressos em prol dojovem adolescente. Sãopoucos trabalhos voltadospara dar a esses jovens umanova visão de vida. Comoseria maravilho se derepente surgisse um projetotipo: JOVEM AOS 20 AOS30 E AOS 40 O RESTO AGENTE TENTA.Um projeto que trabalhariacom informativos, cursos,teatro, palestras, abordandoa todos os jovens.Obrigatoriamente todosteriam que ter participadopelo menos de um programaeducador deste porte. Mascadê o programa? Cadê aspalestras na escola? Cadê aspalestras e reuniões comfamiliares? Cadê os pais?Cadê a família? Difícil deexplicar e também decompreender que o maiorbem da nossa vida é a nossaprópria vida, e como é tristever tanta mortalidadeacontecer, ver tantasnoticias dando um númeroassustador de jovens que sedespedem deste mundo semao menos saber que todocidadão tem o direito deviver e de ter um trabalhodigno e fazer parte dasociedade. Mas será que asociedade parou um dia parapensar o que estáacontecendo com nossosjovens? Será que parou paracontar, em apensa um mês,quantos vão para a escola enão voltam, vão para otrabalho e não voltam, vãopor ai e por ai ficam. Épreciso acordar os velhossentimentos, porque asvezes as lágrimas do vizinhopode se misturar com asnossas.
*Miguel Joaquim dasNeves
– Poeta, ator, artistapopular multimídia,poetamiguel@bol.com.br

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